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A menina do Pai

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  Já passaram 5 meses, e ainda me sinto a menina do Pai. Esteve sempre lá. Nunca foi muito carinhoso ou atencioso. Era um pai antigo, que achava que ganhar dinheiro para a família era importante. A mãe que cuidasse das crias.  Quando veio o 25 de abril, enviou-me para Lisboa, com medo do que pudesse acontecer a uma criança de um ano. Sei que nunca mais cortou a barba, até eu voltar a Africa, um ano depois. Não era perfeito, mas deu-me as bases  para o que sou hoje.  Dizem que sou parecida com ele fisicamente, na rectidão das coisas bem feitas, na generosidade e empatia. Morreu em catorze dias, demente, e completamente alheio ao que o rodeava. Mas sempre fez o que quis, teve uma família que o amava e que nunca o deixou sozinho, embora ele pensasse que sim. No final fica sempre muita coisa por dizer, por abraçar, por sentir. Uma coisa será sempre certa, tu vais sempre ser meu e eu vou sempre sentir a tua falta, meu pai. Até um dia!

E assim ficamos

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  Nada é garantido.  O ar que respiramos, a água que nos mata a sede, ou a amizade de quem gostamos. De uma forma ou de outra, tudo nos pode ser negado.  Quando pensamos que existem pessoas para a vida toda, estamos a iludir a forma como vivemos. Tudo muda e as pessoas transformam-se em algo. E esse algo deixa de ter a ver connosco. Os amigos são para toda a vida.  É uma verdade, porque vivemos muitas coisas juntos, porque os anos passam e não deixamos, nunca, esquecer o vinculo que nos aproximou, por vezes durante décadas.  Mas também pode ser uma ilusão, quando vimos que estamos em extremos opostos. Actuamos, reagimos e vemos o outro, como se um desconhecido se tratasse. Ninguém gosta de perder afectos, ligações e pessoas, mas por vezes, por mais que tentemos, não existe volta a dar. Pormenores, coisas fúteis e insignificantes, ultrapassam o passado e a vida partilhada.  Os bons e maus momentos, alegrias e tristezas, conquistas e derrotas já não contam. Estão no passado. No presente

O amor vem de noite

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  Depois de ouvir várias opiniões, a maior parte delas críticas ferozes, decidi ver para poder avaliar. Já sabia de antemão que é uma sátira às novelas típicas dos canais generalistas, as quais me recuso a ver.  São sempre histórias dramáticas, com tramas muito complicadas e que duram uma eternidade.  Não trazem nada de novo e os canais por cabo têm mais oferta. Logo, assim que me cheira a novela, o zapping entra em acção, e viro as costas à ficção nacional. Agora que já vi ( dois episódios imaginem), posso dizer que achei maravilhosa de tão estúpida que é. Os textos são completamente non-sense, e as personagens são uma mistura de outras novelas, em vários canais. A história central passa pelos Bourbon de Linhaça, família que existe há mais de 3500 anos em Santarém. Duas gémeas, filhas do caseiro com a filha do patrão, separadas à nascença.  Esta é a base, de onde nascem personagens hilariantes e pormenores que não lembram a ninguém. É uma surpresa ver a Gabriela Barros, a dar vida às

O Justo e o Pecador

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  Pormenor "Flower Garden" - Gustav Klimt 1907  Quando a vida já deu muitas voltas ao sol, achamos que temos todas as certezas. Tudo aquilo que já vivemos, ensina-nos, aos inteligentes claro, a perceber e antecipar perigo.  O perigo que nos deixa vulneráveis, desconfortáveis e nos tira do canto seguro, onde preferimos viver. Há gente com vida vulgar, sem nada a acrescentar. Sem dramas, despedimentos, situações marcantes, ou algo que temam. Mas aprendem a defender-se daquilo que os afeta. Seja isso o que for. Somos animais e o instinto, que tantas vezes falamos, diz-nos que não estamos no topo da cadeia alimentar.  Estamos num estágio, onde os teus semelhantes, te tiram o tapete e destroem tudo aquilo porque sonhaste, ambicionaste ou tinhas, na realidade.  Egoísmo, falta de respeito ou simplesmente, porque sim.  E porque não?  Cada um é senhor da sua vida. Desde que para a viver e estar com os demais, nunca passe por cima de ninguém.  Regra mais ignorada, nos dias de hoje. Com

O Universo rodou.

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  Surgiu do nada. De rompante, voraz e enérgico. Trazia consigo o fascínio do imediato, do rastilho pronto a queimar, da urgência em querer, do cometa que passa. Sentia-se no ar a fragância da sintonia. A pele queimava ao toque ligeiro, como uma traça de encontro à chama. Intenso, envolvente e irresistível.  O mesmo ver, o estar e o sentir. Pedra imperfeita, valiosa no carinho, no abraço e na paixão.  O tempo não passava, a fome não era saciada, quase viciante, ao limite da raiva do possuir e do ter. No beber das palavras, das caricias, dos silêncios já partilhados, no romper as seguranças e certezas.  Sensação de pertença, de confiança e de entrega total. Nada escondido, tudo cru e verdade. Difícil, mas perfeito.  Algo faz muito sentido e quando assim é, nada é impossível. Os planetas conjugaram-se, e o universo rodou.  Ps: Qualquer semelhança com a realidade, poderá ou não ser.  Porque nunca se sabe, se se vive a sonhar, ou se se sonha a viver!  

Sonhos

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  Pode ser algo estravagante, ou uma coisa simples de conseguir, mas todos os temos. Não se medem, porque cada um sonha à sua maneira. Já realizei alguns, mas surgem sempre nossos desafios e de repente, começo a sonhar com o próximo. É natural e muito saudável.  Quando são os nossos a realizá-los, sinto-os como se fossem meus.  Há dias soube que, um amigo de longa data, foi pai.  Era um sonho, uma meta de vida.  Uma semana depois de o ter cumprido, enviou uma foto para partilhar a sua felicidade.  Não nos falávamos há anos, mas foi como se a ultima conversa tivesse sido ontem. Tal como com outra pessoa, que apesar de estar sempre perto, a vida afasta todos os dias.  Partilhou que ultrapassou e ultrapassa, todos os dias, algo que há bem pouco tempo, seria incapaz de sonhar sequer. Quando os sonhos passam a conquistas, é o momento de celebrar e ficar feliz. Quando continuamos a sonhar, as conquistas estão sempre ao nosso alcance.

A Estrada

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  Ler é respirar e sem ar, somos nada. E gosto muito de ter ar, de ter visões, personagens e realidades a viver na minha cabeça.  Os livros são como um bom filme, ou uma música que adoramos.  Nunca esquecemos, o que nos marca. Este livro é tão intenso, com tanta emoção e desespero, que ficará para sempre. Uma estrada. Uma viagem.  Um pai e um filho, num mundo pós apocalíptico, sem nada, para além da morte. Um mundo sem esperança, onde um amor tenta sustentar a vida que resta. A forma como o autor descreve a paisagem e tudo o que os rodeia, e como isso os influencia, é tocante. Consegues sentir o desespero da fome, frio e doença sempre latente. Nas entrelinhas,  estreita-se a relação entre pai e filho, plena de emoções e de raiva. Foram duas, as pessoas que me falaram deste livro.  Uma por o achar magnifico, com o qual concordo inteiramente.  A outra, por ser o livro preferido do filho adolescente. Depois de o ler e de o sentir, só posso dizer que a vossa estrada ainda agora começou. Fa